Em busca da escola ideal - Cabeça de Criança

Em busca da escola ideal

Em busca da escola ideal



Estamos passando por uma fase muito especial da vida de nossos filhos: a busca pela escola ideal. Francisco e Manuela estão com 1 ano e 8 meses. A ideia é matriculá-los no início do ano que vem, quando estarão com dois anos.

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Nessa pesquisa, tenho conversado com outros pais e lido sobre o assunto. Não adianta sonhar com a escola perfeita, aquela que tira nota 10 em todos os critérios: custo, distância, espaço físico, estrutura interna, linha pedagógica, atividades, corpo docente e alimentação.

Se é impossível encontrar o local perfeito, o desafio é achar aquela escola que atende ao maior número de exigências dos pais.

Para mim, pessoalmente, os primeiros critérios de seleção são localização, espaço e custo. Restringi minha pesquisa por aquelas escolas às quais posso chegar a pé ou em poucos minutos de carro. Não vale a pena atravessar a cidade sendo que tenho boas opções próximas da minha casa.

Espaço externo também é muito importante: quero que meus filhos frequentem um local onde, além de aprender, eles também possam correr, se divertir, gastar energia e desenvolver suas habilidades motoras, o que eu considero importante para essa idade.

A outra nota de corte primordial é o valor da mensalidade. Estabeleci um teto e não vou nem visitar as escolas que ultrapassam esse valor. Temos de ser realistas. Claro que valorizo a educação dos meus filhos. Mas acho que não precisamos abalar o orçamento familiar para encontrar uma escola de qualidade e que atenda às nossas necessidades. O custo de vida está muito alto e simplesmente não temos como arcar com os custos de uma instituição considerada de alto padrão. Outro ponto importante: todas as escolas dão um desconto para irmãos (geralmente de 10%) e muitas são flexíveis para negociar. Tente sempre barganhar um descontinho a mais.

Também estamos conhecendo algumas escolas municipais no bairro. Temos entranhada a ideia de que, no Brasil, o ensino público é de má qualidade de maneira geral e as boas escolas são disputadíssimas. Mas, pelo menos no caso das creches da prefeitura, tenho percebido que esse pré-conceito está equivocado.

É claro que existem escolas e escolas. Mas as municipais que visitei não parecem muito diferentes de algumas das particulares. E uma delas até já tem vagas disponíveis. Mas há claramente uma desvantagem: a quantidade de alunos por sala é maior nas públicas do que nas pagas. Elas reúnem cerca de nove a 10 crianças para cada educador, em classes de até 22 alunos, enquanto a proporção recomendada para a idade de até dois anos e meio é de um professor para cada seis crianças em grupos de no máximo 16, segundo Cisele Ortiz, especialista em educação e presidente da Associação Brasileira de Estudos do Bebê, em artigo para a Folha de São Paulo.  Ainda não sei até que ponto isso é preocupante, mas acredito que, na idade dos meus filhos, que ainda requerem muita atenção, esse é um fator importante a ser considerado.

Outros quesitos fundamentais para mim são a linha pedagógica, o tipo de atividades desenvolvidas e a atmosfera geral, o clima e o comportamento das professoras (se elas parecem desanimadas ou insatisfeitas, é um mau sinal). Tenho dado preferência para as escolas que seguem primordialmente a linha do construtivismo e que desenvolvem projetos mais livres, lúdicos e criativos, respeitando o ritmo de aprendizado de cada criança e sem se preocupar muito com lições e trabalhos mais fechados.

Por fim, alimentação também entra no meu check list. Confesso que está difícil de me agradar nesse quesito. Aqui em casa, sou super rigorosa. As crianças só comem comida salgada (carne, cereais, grãos, legumes e verduras – orgânicos, sempre que possível), frutas e leite. Nunca experimentaram doces e não comem pão e biscoitos. A partir dos dois anos, pretendo ser mais flexível e liberar alguns alimentos que hoje eles não consomem.

Em algumas escolas o lanche é levado de casa. Em outras, ele é oferecido pelo próprio estabelecimento. A maioria tem um cardápio até que equilibrado, mas sempre rola um docinho aqui e ali, biscoito doce ou pão todos os dias… Gostaria que a alimentação das escolas fosse o mais natural possível, e que as crianças só comessem os industrializados e guloseimas em casa, sob supervisão dos pais.

A ideia de mandar o lanche de casa me agrada, por poder controlar o que meus filhos vão comer. Mas é comum que as crianças troquem a comida umas com as outras e experimentem os quitutes dos amiguinhos. Por um lado, isso pode resultar em experimentações bacanas. Por outro, pode levar meus filhos a conhecerem salgadinhos de pacote e bolachas recheadas (ou pior, refrigerantes!), coisa que eu não gostaria que acontecesse tão cedo.

Resumindo, eis algumas conclusões às quais cheguei com minha pesquisa:

Preço nem sempre é proporcional à qualidade. Algumas escolas cobram valores mais altos do que outras com estrutura semelhante. Visite várias para comparar e converse bastante com a coordenação/direção para entender se a escola oferece diferenciais nos quais vale a pena investir.

– Falando em diferenciais, pergunte-se se seu filho vai aproveitar tudo o que a escola oferece ou se tem muita “perfumaria” no meio. Por exemplo, aulas de balé e capoeira são interessantes para crianças de dois anos? Isso é muito pessoal, mas eu prefiro optar por uma escola mais simples agora, que proporcione segurança e estimule o lado lúdico, e poupar recursos para investir em cursos e atividades extracurriculares mais para frente.  Não se sinta mal se você não puder bancar a escola mais cara ou badalada.

Não subestime as escolas públicas. Pesquise sobre as creches mais próximas de você, visite e tente conversar com funcionários e pais de alunos. Você pode se surpreender positivamente.

Enfim, ainda não encontramos a nossa escola, mas já temos um caminho delineado. Continuo na busca e aceito sugestões e dicas de como avaliar melhor os estabelecimentos.

Ah, e uma dica final: o artigo do jornal Folha de São Paulo mencionado anteriormente faz parte de um caderno especial muito bacana sobre primeira infância, cuja última parte, publicada no dia 23 de agosto, trata justamente da escolha da escola. Vale a pena ler.

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